Amar Ilhéus...
Como amar mais Ilhéus?
Como falar de amor para uma cidade já centenária que, muitas vezes, ainda é menina pelas ações que deixaram de acontecer?
Como explicar aos cidadãos que ela deve ser amada se o caos domina as suas belezas naturais sem o mínimo de cuidados se não existe reciprocidade.
Como fazer isso, se não for compreendido que suas calçadas e suas praças não devem ser sujas?
Como explicar às pessoas que não entendem a vida e desconhecem a desumanidade que é destruir cestas coletoras de lixo, quebrar telefones públicos, arrancar galhos de árvores (as que existem), arrancar flores de jardins, jogar dejetos no chão.
Como gritar se alguns cidadãos não escutam seus próprios gritos de protesto e colocam o lixo em horários diferentes da coleta, se acreditam que latinhas e garrafas plásticas ficam bem lançadas nos passeios?
Quais campanhas feitas nas ruas, de porta em porta, poderiam ser instituídas para que a sua utilidade real seja ouvida?
Como gritar tantas falhas na cidade se muitos e muitos não abrem suas portas para as visitas periódicas do Programa de controle da febre amarela e dengue e lançam impropérios para os agentes?
Como amar Ilhéus retribuindo com atitudes?
Como fazer para que outras ações, elaboradas e executadas por organizações e pessoas sérias sejam imitadas e não criticadas e ridicularizadas?
Como amar Ilhéus, meu Deus?
Conscientizando o valor da cidadania para todas as pessoas(des)civilizadas, que saem dos eventos , pela madrugada, destruindo tudo que encontram pela frente,chutando as portas de residências, jogando pedras nos vidros, gritando, agredindo, causando pânico às pessoas que possuem educação?
Como gritar um imenso amor por Ilhéus, se as pessoas que precisam descansar aos domingos e feriados e não desejam ouvir absurdos sonoros, com carros equipados por seus idiotizados proprietários não são respeitados?
Como dar um basta nisso?
Aplicando as leis, utilizando guinchos, cobrando pesadas multas?
Gostar de nossa cidade...amar Ilhéus!
Falando de sentimento de presevação por ela às pessoas que esquecem da importância da higiene em suas ruas que precisam estar limpas e obedecer aos dias da coleta estipulados em divulgação; explicando que a cidade iluminada fica mais bonita, protegida e irradia alegria.
Como amar, Ilhéus?
Enfeitando-a com praças bonitas, coloridas e conservadas, sem ações de vândalos.
Recebendo apoio do poder público que deve abrir guarda e permitir às pessoas capacitadas para adorná-las com cores?
Como falar de amor pela menina centenária, se as idéias morrem atropeladas pela intolerância, pela locupletação e pelos pseudo valores políticos de alguns desavisados de crescimento?
Como amá-la sem tristeza, se as cobranças aparecem em galope, as ações urgentes que precisam ser feitas são esquecidas e as acusações aparecem , são formallizadas e, mais adiante, são imitadas?
Como amar Ilhéus, sem espanto, se ainda cabem em seu espaço os conhecidos espaços habitados por quem não têm o que fazer ?
Como explicar as construções erguidas por filhos da terra, agora destruídas e desconsideradas emsua história?
Por que alguns sofrem retaliações politiqueiras se gritam os dissabores e distorções por amor à cidade?
Como amar Ilhéus?
Como justificar a desunião, destruição , desagregação de alguns em relação ao que já existe, quando os grupos que poderiam ser imitados pelas ações dignas e solidárias são menosprezados?
Amar Ilhéus...
Por que não seguir os passos de quem se declara e atua para que ela renasça com seus projetos?
Como educar muitos cidadãos para amar Ilhéus?!
A autora Ana Virgínia Santiago é jornalista, cronista, poeta e escritora no sul da Bahia.